Irmã Adylles Augusta Rossato (1982 – 1990)

Toda história é contextualizada, experienciada e sistematizada e, novamente reelaborada e reinterpretada através de gerações. O Espírito, fogo incessante, advogado do Reino de Deus, continua soprando de diversos modos, mas com  o objetivo único: a manifestação do Reino de Deus no resgate da dignidade dos pobres e do Planeta. A Congregação permanece impulsionada,  sempre voltando às fontes para daí se comprometer com o presente da História relida no coração de Bárbara e aplicada no chão dos desafios missionários. É relendo essa história, reinterpretando-a, que a Superiora Geral – Irmã Adylles Augusta Rossato, lançando Um olhar sobre o período 1982-1990, ela mesma, fundamentando-se numa frase de Bárbara Maix (“A SS. Trindade iniciou a Obra da Fundação e há de completá-la…” 19.02.1872), conta:
Assumimos, como Coordenadora Geral, em 1982, e logo se pôde perceber que o “terreno” já estava sendo preparado há mais tempo e, então, fazia-se necessário lançar a semente. Diante das Decisões e apelos do Capítulo Geral, procuramos dar tudo de nós, ainda que isso tenha sido pouco. Porém, o caminho foi-se fazendo na certeza de que “o Senhor completará a obra que iniciou” (Sl 137,8). 
A manifestação de Deus foi grande, porque cada Irmã, com suas aptidões e talentos, com sua força e sua criatividade, com sua saúde e limitações, soube colocar a serviço da Comunidade e da Missão o que possuía. 
A Opção preferencial profética e solidária pelos Pobres e as cinco Prioridades assumidas, perpassaram o Ser e Agir da Congregação. A Palavra de Deus foi luz, força e fonte de transformação. Os escritos e ensinamentos da Fundadora e a Constituição nos apontaram caminhos por onde devíamos andar. Caminhar unidas à Igreja foi a nossa preocupação. Sentimo-nos comprometidas com a verdade, a coerência e o diálogo fraterno.
Nesse período, eram constantes os apelos por mudanças sócio-politico-econômicas, com sérias influências na vida da Congregação, gerando insegurança e instabilidade, principalmente nas Obras institucionais de Educação e Saúde, obrigando-nos a uma crescente busca de alternativas para levá-las adiante. Ao lado dessas dificuldades e conflitos, desenvolveu-se uma consciência mais crítica e, consequentemente, surgiram novos posicionamentos nas Obras e, também, novas alternativas de engajamentos.
O estudo e “curiosidade” em conhecer melhor as Cartas e escritos da Fundadora “… mais do que tudo vale a VONTADE DE DEUS” e a Constituição por ela escritas favoreceram não só o nosso conhecimento, mas representaram referencial de vida para nós. 
A dimensão apostólico-missionária, resposta ao apelo da Igreja, nos levou a aprofundar a consciência de que a Congregação não nasceu para si, mas para um serviço ao povo, como instrumento de Deus. Foi aprofundando essa consciência que nos dispusemos a continuar privilegiando os mais necessitados, quer nas obras tradicionais, quer nas novas frentes em regiões mais necessitadas do Norte, Nordeste e outros locais do País e no Exterior. Mesmo não tendo um expressivo número de membros, a Congregação entendeu que este não era o único motivo para não responder aos apelos da Igreja. Na confiança de que o Senhor com “cinco pães…” soube alimentar as multidões, quisemos entregar-lhe o pouco, ou o muito, que possuíamos. “Se ouvirmos a sua voz…” e formos sensíveis ao clamor do próximo, Ele saberá também nos conduzir e suprir as carências. Foi com esse espírito que  a Congregação passou a abrir Comunidades no Exterior: Moçambique, Paraguai, Haiti e incentivar sua presença no Norte e Nordeste do País – o que possibilitou a criação de uma Província em Teresina para melhor atender a realidade naquela região.
Ao escrever estas linhas – peço vênia – dirijo-me a todas as queridas Irmãs da época e, com o coração profundamente agradecido e alegre, louvo a Deus pela disponibilidade e generosidade de todas. Algumas, bem sabemos, foram verdadeiras heroínas, “desbravando”, na fé e na coragem, locais desconhecidos e línguas inimagináveis…Algumas já estão junto de Deus e nós todas, a caminho, continuamos cheias de alegria e esperança. Bárbara, nossa Venerável Fundadora nos diz: “Mais do que tudo vale a Vontade de Deus”. Obrigada, Senhor!
Moçambique, dezembro de 2009
Irmã Adylles Rossato.

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